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A relação especial com os Estados Unidos, que levou a Grã-Bretanha a várias campanhas militares conjuntas, ficou em suspenso pela recusa do Parlamento britânico a aprovar a participação em um ataque à Síria.
Além das implicações gerais para o país, a votação de quinta-feira representa o pior revés sofrido pelo primeiro-ministro David Cameron em três anos de mandato.
Cameron insistiu nesta sexta-feira (30) que é necessário oferecer “uma resposta contundente” ao regime sírio pelo suposto uso de armas químicas contra a população civil em 21 de agosto, mas o ministro da Economia, George Osborne, fez um convite ao país.
“A Grã-Bretanha precisa agora começar a refletir sobre seu papel”, disse Osborne à BBC.
“Espero que não tenha chegado o momento em que damos as costas aos problemas do mundo”, completou.
A traumática experiência no Iraque, onde 179 soldados britânicos e milhares de civis iraquianos morreram sem que as armas de destruição em massa que justificaram a invasão de 2003 fossem encontradas, foi mencionada algumas vezes pelos deputados antes da votação.
“O Iraque tornou a opinião pública muito mais reflexiva e prudente na hora de colocar nossas tropas em perigo”, admitiu o trabalhista Jack Straw, que era chanceler do governo Tony Blair quando Londres decidiu entrar na guerra.
Uma cautela que, segundo alguns analistas, pode diminuir o protagonismo da Grã-Bretanha no mundo.
“Em 50 anos tentando servir a meu país nunca me senti tão deprimido/envergonhado”, escreveu no Twitter Paddy Ashdown, um veterano político e antigo membro das forças especiais.
A negativa do Parlamento “menospreza enormemente nosso país'”, afirmou na BBC o veterano líder dos liberais e ex-representante da ONU para a Bósnia.
“Temos este monte de gente – os mesmos que votaram contra na noite passada – que deseja nos tirar da Europa e se atacaram nossa relação com os Estados Unidos”, completou, em referência aos conservadores que se uniram à oposição.
O professor Michael Clarke, do órgão de debate Royal United Services Institute, explicou que a cooperação militar anglo-americana prosseguirá.
“Mas não estaremos lá disparando nossos mísseis de cruzeiro, se é que isto vai acontecer, e há um grande simbolismo político nisto”.
“Esta votação significa que o Reino Unido se une aos países de terceiro escalão, condenados a ser prisioneiros dos acontecimentos e não a modelá-los”, advertiu Alan Mendoza, diretor executivo da Sociedade Henry Jackson, outro organismo de debate.
“Só porque o presidente (Barack) Obama decidiu – equivocadamente, na minha opinião -, disparar mísseis contra a Síria, não temos que trotar obedientemente como um poodle sempre leal”, escreveu, do outro lado do campo político, Stephen Glover, colunista do Daily Mail.
A moção do governo que abria a porta para a participação britânica em um ataque contra a Síria foi rejeitada por 285 votos a 272. A coalizão de governo conservadora-liberal conta com 359 das 650 cadeiras da Câmara dos Comuns.
Outro fator que contribuiu para reduzir o espírito bélico da opinião pública e do Parlamento foi o corte no orçamento do exército, que atualmente não tem nem sequer um porta-aviões e perderá 20.000 soldados até 2020.
Os cortes foram citados pelo novo embaixador americano em Londres, Matthew Barzun, durante a audiência de confirmação no Senado, em julho.
“Nós nos comprometemos a trabalhar para garantir que mantenham a capacidade, que continuem operacionais ao nosso lado”, disse Barzum.
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