Os conservadores da chanceler alemã, Angela Merkel, se encaminhavam nesta terça-feira (24) para conversações com o principal rival da centro-esquerda, depois de pesos-pesados do campo político da primeira-ministra terem descartado a possibilidade de uma união com os ambientalistas do partido Verde.
O partido de Merkel, União Democrata-Cristã (CDU), de centro-direita, e sua legenda-irmã da Baviera, a União Social-Cristã (CSU), alcançaram na eleição de domingo seu melhor resultado em mais de duas décadas, mas ficaram cinco cadeiras parlamentares abaixo do necessário para ter a maioria absoluta.
O Partido Social-Democrata (SPD) parece o mais propenso a fechar um acordo com Merkel, depois que o atual parceiro da coalizão de governo, o Democrático-Liberal (FDP), não conseguiu os 5% de votos requeridos para ter representação parlamentar. As outras legendas no novo Bundestag, a Câmara Baixa do Parlamento, serão os Verdes e o radical A Esquerda.
“Eu não manterei tais conversações (com os Verdes). Ponto final”, disse o líder do CSU, Horst Seehofer, cujo partido conquistou vitórias esmagadoras na eleição estadual da Baviera, em 15 de setembro, e no pleito nacional, no domingo.
“Só posso dizer que flertar com os Verdes… iria fortalecer imediatamente a ala da direita”, afirmou ele à revista Der Spiegel.
Ele aludia aos temores de conservadores de que uma guinada do CDU/CSU para a esquerda poderia estimular mais eleitores a se voltarem para partidos mais à direita, como o antieuro Alternativa para a Alemanha (AfD), que por pouco não conseguiu uma cadeira parlamentar na eleição de domingo.
Merkel declarou na segunda-feira que já havia feito contato com a liderança do SPD, mas não afastou a possibilidade de conversas com outros partidos, na busca por um governo estável que conduza a maior economia da Europa nos próximos quatro anos.
A ala mais conservadora do bloco de Merkel não gosta do pacifismo dos Verdes, que defendem grandes aumentos de impostos sobre os ricos.
O CDU-CSU governou com o SPD em uma “grande coalizão” relativamente eficaz liderada por Merkel de 2005 a 2009.
Depois de ter sofrido sua segunda pior derrota eleitoral no pós-guerra, o SPD está dividido sobre se deve governar novamente com Merkel. Alguns no SPD dizem que a legenda deveria permanecer na oposição e focar no retorno ao poder em 2017.
Se concordar em se unir a um governo liderado por Merkel, o SPD provavelmente vai pressionar por grandes concessões, tais como um salário mínimo nacional e maiores impostos sobre os ricos. Pode também insistir em obter o cargo de ministro das Finanças, substituindo o atual detentor da pasta, Wolfgang Schaeuble, e outros postos, como o do Trabalho e o de Relações Exteriores.